sexta-feira, agosto 18, 2006

COISA DE GÊNIO

Heitor Villa-Lobos

Toninho Vaz

Os credores que me acompanham sabem que o meu próximo projeto literário é a biografia do genial Villa-Lobos, com a qual venho me ocupando há um ano. É trabalho de fôlego, previsto para 450/500 páginas e dois anos de pesquisas (contando com 2 pesquisadores e uma assistente). A pesquisa inclui uma devassa nos arquivos e bibliotecas parisienses e novayorquinas, onde o maestro viveu e trabalhou mais tempo do que no Brasil.

Dias destes, meados do ano passado, fui a Paranaguá seguindo a pista do jovem Heitor que, em 1908, pegou uma carona na efervescência do porto e lá se estabeleceu como vendedor de banana glacê e caixeiro viajante. A reportagem, resultado de investigação solitária, foi publicada no Jornal do Brasil com grande destaque no último Natal, fazendo referência a “revelações inéditas” sobre o grande maestro. Para o presidente do Instituto Villa-Lobos, violonista Turíbio Santos, o trabalho me credenciava como um possível biógrafo do maestro.
Até porque, apesar do elemento folclórico, gostaria de poder contar coisas que eu sei do Villa, como a palestra, em 1950, para uma platéia parisiense. Quando ele terminou a orquestração de uma obra baseada “no som original de uma tribo indígena da Amazônia, extinta em 1840”, alguém na platéia perguntou com malícia: “Mas se a tribo foi extinta há tantos anos e, considerando que nesta época não havia aparelho de gravação, como o senhor conheceu o som dos índios?”
Villa foi rápido no gatilho: “Você não sabe, mas no Brasil os papagaios falam. Eles estão transmitindo isso através de gerações...”.

1 Comments:

  • Legal primo! Estou esperando ansiosa esse novo livro! Beijo..

    By Anonymous Anônimo, at 3:20 PM  

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