segunda-feira, outubro 30, 2006

CAMISA VERMELHA

Hermann Nass

Acompanhei Marize até um colégio situado na Vila da Penha, ela para votar e eu para justificar meu voto, já que ainda não transferi meu título de Ibitipoca, em Minas Gerais, para o Rio. Saímos de Botafogo, seguimos por Flamengo e Laranjeiras, atravessamos o Túnel Santa Bárbara, cortamos a Presidente Vargas e baixamos no Cais do Porto, antes de pegar a Av. Brasil até o agradável bairro da Zona Norte. O trânsito estava meio truncado na Zona Sul e bastante livre depois do Caju. Pouca gente na rua, pouco movimento de pessoas, nada de grupos de boca de urna, nada de violência nem aparatos policiais. Ao chegarmos à Penha a coisa mudou e em cada esquina havia uma pequena multidão, aglomerada defronte a mesas de bar e churrasqueiras improvisadas entre a calçada e o meio fio. Uma festa popular regada a muita cerveja e coração de galinha, com funk e pagode disputando todos os decibéis disponíveis.

Era um belo retrato do social coletivo suburbano, da massa votante desse país. Não empunhavam bandeiras nem gritavam palavras de ordem. Riam e cantavam, isso sim. Lembrei-me de meu amigo Luciano, editor de fotografia do principal jornal da Bahia, numa véspera de carnaval em Ondina.

- Pobre é barulhento e gosta de folia! Mesmo quando está na merda.

Sei não, minha impressão era de que a galera estava comemorando a vitória, afinal era dia de eleição para presidente. Foi aí que percebi que eu estava chamando atenção naquele pedaço, não sei se pela minha eterna cara de gringo - apesar de brasileiro - ou se pela camisa vermelha que vestia. A única camisa vermelha visível num raio de duas quadras.

2 Comments:

  • Pobre é barulhento sim!

    By Anonymous Anônimo, at 4:19 PM  

  • Concordo com você e Heliana pobre é barulhento. Ele não guarda os sentimentos, põe tudo para fora.

    Maria Elena

    By Anonymous Anônimo, at 7:59 PM  

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