quinta-feira, agosto 17, 2006

CRIME ANUNCIADO

Ontem, na hora do rush, entrei no vagão do metrô em que as pessoas se espremeram ainda mais, para dar lugar aos que tentavam entrar, escapando das portas, que sempre fecham violentamente. Naquela intimidade forçada, impossível não ouvir a conversa em voz baixa que uma família francesa, composta de pai, mãe e dois filhos pequenos, 6 e 8 anos, parecendo cópias reduzidas do pai, mantinha entre si. "Next stop: Cinelândia Station" diz o alto-falante, sem repetir todas as informações dadas anteriormente em português, indicando que ali se pode pegar as conexões para Curvelo e Santa Tereza. "C'est Cinelandia, Maman", repetiu o filho mais velho, para que a mãe conferisse, num mapa tão amarrotado quanto incompreensível, se estavam no bom caminho. Coitada daquela família. Olhei para as pessoas, tão inocentes, tão desprotegidas, tão inconscientes do que lhes pode acontecer, a qualquer momento, nesta muy leal! Tive ímpetos de escoltá-las até seu destino. Mas não fiz nada disso, estava atrasado, correndo, como sempre. Hoje de manhã, ao chegar ao trabalho, fui olhar as manchetes dos jornais expostos na banca do "Seu" Francesco, aqui em frente. Não anunciavam o massacre de nenhuma família francesa. Que alívio!
Claudius