SINCERIDADE E PÃO DE QUEIJO
A história é verídica. Teve testemunhas e uma delas me fez o relato que se segue.
O deputado, agora senador eleito, Francisco Dornelles, sobrinho de Tancredo Neves, é convidado para dar uma entrevista numa grande rede de televisão. Chegando lá, resolve fazer uma boquinha na cantina, momentos antes da gravação do programa. Meio da tarde, cantina cheia, o deputado se exime de passar primeiro no caixa para fazer os pedidos. Vai ao balcão e escolhe:
- Um pão de queijo e um suco de laranja, por favor.
Enquanto espera, como bom político, aproveita para vender seu peixe, fazer seu proselitismo. Normal. Vai juntando povo para ouvir o discurso do nobre deputado. O pão de queijo é devorado rapidamente, o suco desce que nem água. Empolgado, não se sabe pelo público ou pelo frescor do pão de queijo, Dornelles emenda:
- Outro pão de queijo, um mate e... de quê é mesmo aquele docinho?
- Côco, doutor.
- Me vê um pedaço de bolo, então.
Belos motivos para continuar o discurso, ampliar suas bases em meio a formadores de opinião. Papo vai, papo vem, eis que chega a hora da gravação. O deputado Dornelles dribla a fila, chega no caixa e fala com aquela dose de sinceridade.
- Quanto é o mate, minha filha?
- 1,20.
- Ah, bom. Toma aqui, 2 reais, e pode ficar com o troco.
E sai apressado rumo ao estúdio.
Se no bar é assim, imagine o que ele não faz com uma emenda do orçamento.
Antonio Basílio
O deputado, agora senador eleito, Francisco Dornelles, sobrinho de Tancredo Neves, é convidado para dar uma entrevista numa grande rede de televisão. Chegando lá, resolve fazer uma boquinha na cantina, momentos antes da gravação do programa. Meio da tarde, cantina cheia, o deputado se exime de passar primeiro no caixa para fazer os pedidos. Vai ao balcão e escolhe:
- Um pão de queijo e um suco de laranja, por favor.
Enquanto espera, como bom político, aproveita para vender seu peixe, fazer seu proselitismo. Normal. Vai juntando povo para ouvir o discurso do nobre deputado. O pão de queijo é devorado rapidamente, o suco desce que nem água. Empolgado, não se sabe pelo público ou pelo frescor do pão de queijo, Dornelles emenda:
- Outro pão de queijo, um mate e... de quê é mesmo aquele docinho?
- Côco, doutor.
- Me vê um pedaço de bolo, então.
Belos motivos para continuar o discurso, ampliar suas bases em meio a formadores de opinião. Papo vai, papo vem, eis que chega a hora da gravação. O deputado Dornelles dribla a fila, chega no caixa e fala com aquela dose de sinceridade.
- Quanto é o mate, minha filha?
- 1,20.
- Ah, bom. Toma aqui, 2 reais, e pode ficar com o troco.
E sai apressado rumo ao estúdio.
Se no bar é assim, imagine o que ele não faz com uma emenda do orçamento.
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Francisco Dornelles é hoje um dos políticos mais ricos do Brasil. Conforme a declaração de bens apresentada à Justiça Federal, ele hoje conta com um patrimônio de R$ 5,127 milhões, que inclui ações em várias empresas e bancos, sete imóveis e seis automóveis. Sua campanha para o Senado do Rio de Janeiro não economizou recursos em cabos eleitorais profissionalizados, centenas de veículos e várias peças publicitárias. Apoiado entusiasticamente por banqueiros e poderosos industriais, ele apresentou à Justiça Eleitoral uma estimativa de gastos de R$ 6 milhões na sua campanha.
Antonio Basílio
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