Alexandre Moreira Leite
Na minha infância, durante alguns anos, me arrisquei a jogar como goleiro. Em um campeonato no colégio, meu time foi sorteado para disputar as partidas com o uniforme do Botafogo. Um pesadelo para um rubro-negro. Mal dormi na noite anterior ao primeiro jogo. Não me imaginava, com todo respeito aos botafoguenses, usando uma camisa que não fosse a do meu Flamengo. O pai de um amigo, vendo a minha aflição, sugeriu que eu usasse uma camisa preta, de mangas compridas, bem parecida com a do goleiro do Botafogo. Este mesmo pai, quando me viu entrando em campo, gritou: “Vai lá Aranha Negra, fecha o gol...” Não me lembro de ter fechado o gol, provavelmente não, mas fiquei com um nome na cabeça: Aranha Negra. Meu avô desfez o mistério. Fanático por futebol, ele me contou tudo sobre Lev Yashin, um goleiro russo, nascido em Moscou, que até hoje é considerado por muitos como o melhor da história. Ele começou como goleiro de hóquei sobre o gelo. Em 1949, foi para o Dínamo de Moscou, clube que defendeu até o fim da carreira. Pela seleção soviética, disputou os Mundiais de 58,62 e 66.
Virei fã de Yashin. Li muito sobre ele. Vi várias fotos e alguns filmes. Ele realmente foi um dos grandes do futebol e recebeu o apelido de Aranha Negra por causa do uniforme todo preto. Era uma figura folclórica, que antes dos jogos decisivos, gostava de fumar um cigarro e de beber uma dose de vodka. Aranha Negra foi o nome do meu goleiro de botão durante muito anos.
Se vivo, Lev Yashin estaria completando hoje 77 anos. Ele morreu em 1990, derrotado por um câncer de estomago.
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