sábado, agosto 26, 2006

COMO O DIABO GOSTA

Por Orlando Pedroso

UTOPIA

Brasília 2006

Alexandre Moreira Leite

Não me lembro quando usei a palavra utopia pela última vez. Ela tinha presença garantida em qualquer conversa ou debate político numa época em que, por ironia, não queriam que a gente falasse e nem debatesse. Palavra forte. Capaz de derrubar os mais sólidos argumentos. Citá-la, era o suficiente para uma prosa se transformar em um embate acalorado. “Isso não passa de uma utopia”, “O que você defende é uma utopia”. Guardei algumas utopias acreditando que um dia deixariam de ser shangrilá para florescer como esperança. Toda essa conversa é para dizer que andei pensando nas minhas utopias guardadas, na semana passada, quando das primeiras entrevistas dos candidatos à presidência. Convenhamos que o cenário é ideal.
O congresso vive um processo de autofagia e a máquina governamental está desmoralizada. Momento excelente para, enfim, dar um cartão vermelho a esta elite política que corrói o nosso país há tanto tempo. Uma elite que durante mais de um século consegue convencer a maioria dos brasileiros a abrir mão do que existe de mais importante: o direito de ser cidadão. De ter direitos. De poder cobrar e de ser cobrado. De poder escolher. É básico. Só precisa de educação quem sabe que tem direito à educação. É claro. Só escolhe o que quer quem sabe que tem direito de escolher. É obvio. Só muda quem sabe que tem o direito de mudar. É lógico. Este país só vai ser melhor quando a maioria tiver consciência de que deve melhorar. Esperava que algum dos candidatos tocasse neste assunto, ou nas entrevistas ou no programa de governo. Aguardava a frase que não veio: “Olha, no meu governo eu vou começar a mudar as coisas. Vou trabalhar primeiro para que todos brasileiros saibam dos direitos e deveres de se viver em sociedade...”. Simples como o direito a ter direito. É o ponto de partida para uma sociedade mais justa, mais igualitária. O sonho de um país com cara de pátria.
Mas, pelo jeito, vai continuar sendo mais uma das minhas utopias.

BOM DIA!


CONFEITARIA BRILHO MUSICAL

Trilha sonora para este sábado colorido:

Atrás da porta - Elis Regina

Aquarius/Let the sunshine in - 5th. Dimension

Alvorada - Cartola

I´ve got you under my skin - Diana Krall

Linda - Caetano Veloso

...E VAMOS NÓS!

Por Robert Crumb

BATIDA HIP HOP


Minhas fronteiras diplomáticas foram ampliadas com a recente visita, aqui em Santa Teresa (para um churrasquinho), de Mano Brown e os Racionais MC´s. No flagrante (no bom sentido) eu apareço com o Mano e Carol, minha filha, elo de ligação. O outro Racional, o Ice Blue, está atrás da câmera. As outras fotos do churrasco devem ser evitadas porque – estas sim – são flagrantes. Ei, honey take a walk on the wild side.
(Não vou entrar em detalhes sobre este encontro pois, em termos de conteúdo, daria um livro. A certa altura da conversa, perguntei: “Mano, o que você pensa do Arnaldo Antunes? Você gosta?”. Ele respondeu secamente: “Não conheço. Nunca ouvi.” Era como se dissesse “não ouço música de branco (no sentido de boy).”)
E ficou surpreso ao saber que o Paulo Leminski, tema do meu livro “O Bandido que sabia latim” , era filho de negra com branco, como ele. Daí a foto.
Toninho Vaz, o irracional

HOJE É SÁBADO

César Marchesini

sexta-feira, agosto 25, 2006

SOLDA

ACONTECEU


A previsão de alguns especialistas que apontam o piloto alemão Sebastian Vettel, de 19 anos, como o novo fenômeno da Fórmula 1, teve hoje sua confirmação. Capítulo primeiro.

THE SPIRIT

A marca e o estilo de Will Eisner.

CHEMA MADOZ


ESTAMOS OPERANDO

EM CARÁTER EXPERIMENTAL

PERMANENTE

CONFEITARIA BRILHO MUSICAL

Os fiapos estão ouvindo e recomendam para esta sexta-feira:

Respect” - Aretha Franklin
Gita”- Raul Seixas
Summertime Blues” - Stray Cats
Cotidiano” - Seu Jorge
Dançar Pra Não Dançar” - Rita Lee & Tutti Frutti

quinta-feira, agosto 24, 2006

PICARETAS


Não eram 300. Lula errou. Eram 500. E entre eles, o ex-deputado, ex-futuro, presentemente
presidente do Vasco, Eurico Miranda. Ele, parceiro do falecido Caixa D'Água em tudo - da mesquinharia às falcatruas, da postura rinoceirôntica ao charuto/cigarro aceso em eterno baforar desmedido e desrespeitoso.

Pois eis que se abre a porta dos horrores e por ela passam muitos, passa boi, boiada, a manada toda de bucéfalos, na correnteza do atraso, do desaguar de gentalhas.

Está provado. Não basta dar nome aos bois. Há que identificar o tamanho e a consistência de suas cagadas.

- Pode começar por você, companheiro!


Antonio Basílio, aquele não desiste de votar certo.

O FIO DA MEADA

Anselmo Vasconcellos e Marta Paret em cena.

Alexandre Moreira Leite

Anselmo Vasconcellos, um autêntico fiapo das artes cênicas, está em cartaz na Casa da Gávea, Rio de Janeiro, com a peça “O Fio da Meada”. O texto é de Paulo Reis, uma livre interpretação de “ The Woolgatherer”, do dramaturgo americano William Mastrosimone. A direção está nas mãos de Mônica Alvarenga. Conta a história de um casal moderno dividido entre a dificuldade da entrega e a busca do afeto. Uma montagem com a dose certa de humor cáustico e um, cada vez mais raro, lirismo nostálgico. A peça está na sua última semana. Sexta e sábado às 21: 00 hs e domingo às 20:00 hs.

UIVANDO PRA LUA


Se vivo fosse, Paulo Leminski (1944-1989) estaria completando hoje 62 anos. Em Curitiba, este é o Dia do Cachorro Louco, da besta do pinheirais. É dele o epitáfio:

aqui jaz um grande poeta
nada deixou escrito
este silêncio, acredito
são suas obras completas


(Toninho Vaz)

SINAL DUPLO

DITO POPULAR

SOLDA

quarta-feira, agosto 23, 2006

HIPER REALISMO

A escultura do australiano Ron Mueck.

CAIXA D'ÁGUA 2 - A VAIA

A torcida do Botafogo vaiou o minuto de silêncio em memória de Eduardo Viana, o Caixa D'Água.
Depois dizem que o povo tem memória curta.

João Saldanha é que tinha razão.
- O Maracanã vaia até minuto de silêncio.


Antonio Basílio, em missão cívica.

JANE BIRKIN

A musa do Serge, hoje

SEAN CONNERY


Por Sebastian Krüger

O ESPADACHIM URBANO

(memórias de um repórter, 1996)
Com o “senhor das polêmicas”, um homem cordial atrás de um personagem irascível.
Toninho Vaz

Quando entrevistei Paulo Francis para o jornal NICOLAU, em mil novecentos e bolinha, éramos colegas na TV Globo, em Nova York, mas a entrevista foi no escritório dele, na rua 47, andar superior do duplex onde morava com a mulher, a jornalista Sônia Nolasco, correspondente do Estadão.
Se o Francis – como sempre – respondeu as perguntas ao seu estilo, também é verdade que eu as fiz seguindo o MEU estilo. Uma delas, partindo da premissa de que ele tinha migrado das hostes das esquerdas para uma direita raivosa, Francis respondeu com o seu proverbial mau humor:
Repórter: As pessoas da sua geração tiveram, pelo menos, uma iniciação marxista. Isso não aconteceu com você?
Francis: Eu fui trotskista. Eu acho que o Trotski tinha uma visão metafísica da humanidade. Nada parecido com o comunismo. Era a teoria da revolução permanente. (Neste momento Francis aponta um quadro de Trotski na parede do escritório, ao lado de outro de Norman Mailer e emenda com o seguinte comentário):
Francis – Este aqui, o Mailer, está completamente louco. Com quase 70 anos e cada vez mais louco. Outro dia teve um debate aqui sobre o filme JFK, do Oliver Stone e... Bem, antes é preciso que se diga que os batistas, religiosos, são severamente proibidos de dançar. Para eles dançar é pecado. Então, no meio de um debate sobre a morte do Kennedy, com a presença do diretor, o Mailer se levanta e pergunta: “Vocês sabem por que os batistas não trepam em pé?” A platéia ficou em silêncio. “Porque podem pensar que estão dançando!”
R – (risos do repórter) Ô, Francis, a piada é ótima.... (risos)
Francis - Ora, no meio de uma discussão sobre JFK o sujeito me sai com essa...(Confesso que quase me esborrachei de rir.)
Dias depois de publicada, o genial Millôr Fernandes repercutia a entrevista em sua coluna no JB, dizendo que o NICOLAU tinha feito uma entrevista especial com o Francis, porque pela primeira vez ele falava da saudade dos amigos e da solidão do exílio nos EUA. Foi por sugestão de Francis que fiquei perambulando pela costa do Maine, durante um mês, onde encontrei algumas colônias de pesca portuguesas e, portanto, um manancial de pautas para reportagens.

DITO POPULAR

SOLDA

terça-feira, agosto 22, 2006

TÁ ACABANDO


Hermann Nass

Esta foto mostra o que restou de floresta em uma extensa região do sul do Pará. O município de Novo Progresso, também no sul do estado, registra neste instante 70 focos de queimadas. Já Nova Bandeirantes, no norte do Mato Grosso, arde em 58 lugares. Hoje, o banco de dados de queimadas do INPE registra 1.063 focos de incêndio no país. A floresta é derrubada e as árvores valiosas são retiradas; o resto é consumido pelas chamas, vira pasto ou monocultura. Em pouco tempo a terra está improdutiva, nova área é queimada, e assim vai...

Um dia fica assim, como esta foto...

TINA TURNER

Por Krüger

COMER OU SER COMIDO


Hermann Nass

As grandes mineradoras vivem um processo de intensas transformações e tentam acompanhar o crescimento das demandas por minérios - com destaque para ferro, cobre, níquel, manganês, bauxita e carvão - do mercado transoceânico. A queda de braço ocorre entre titâs, em busca de novas oportunidades de negócio e maiores lucros. Nesta batalha, vence quem tiver mais poder de fogo, principalmente se for "cash", e não em papéis, ações ou títulos.
Agora é a vez da terceira maior mineradora do mundo, a inglesa Anglo American, ser pretendida por outras gigantes do setor, que precisam se tornar ainda maiores para não correr riscos. Em outras palavras, comer para não ser comido. E quem come se fortalece ainda mais para o próximo confronto de titãs. Que virá em breve.

CHEGA DE INTERMEDIÁRIOS

Fernandinho para Governador - 121 (Toninho Vaz)

PREVISÃO DO TEMPO


Por Tiago Rechia

ANTES E DEPOIS DA CHUVA

Hyper realismo da Playboy

DITO POPULAR

SOLDA

segunda-feira, agosto 21, 2006

MORREU CAIXA D'ÁGUA


Vou tomar um chope. Morreu Eduardo Viana, o Caixa D'Água, o mais nefasto dirigente do futebol carioca nos últimos vinte anos. O declínio do futebol que um dia foi vitrine do Brasil não pode ser creditado apenas a este advogado, ex-dirigente do Americano de Campos. Mas tem muito a ver com os desmandos e conchavos encabeçados por ele. Caixa D'Água destroçou os grandes clubes do Rio de Janeiro, os envolveu em suas tramas, executadas sempre por baixo do pano, com a anuência do ex-deputado e dirigente do Vasco, Eurico Miranda, e, claro, de outros dirigentes incompetentes e aproveitadores. Caixa D'Água foi um dos porta-vozes do atraso. Caixa D'Água desviou verbas, manipulou resultados, coagiu árbitros, influenciou contratações, modificou e desrespeitou regulamentos. O sujeito é dono de uma folha corrida que nada fica a dever ao pessoal do PCC.

Sob o tacão de Caixa D'Água, o campeonato mais charmoso do Brasil inchou, foi decidido no tapetão, entregue de bandeja a alguns clubes em troca de apoio político.

Era uma figura asquerosa, de fala mole e andar desajeitado. Ao se aproximar dele, a pessoa tinha a impressão de ter ingressado numa área reservada a fumantes.

Que a morte do Caixa sirva ao menos para dar um pouco mais de vergonha aos dirigentes do futebol do Rio. Que venha um candidato com passado, no mínimo, vencedor e honesto. É pedir muito, não é? Porque a recuperação vai demorar tanto quanto a do Estado, hoje entregue ao esquema Garotinho - aliás, fruto da mesma terra do Caixa, Campos.

Morreu Caixa D'Água! Salve o futebol carioca!

- Garçom, desce mais um na pressão!


Antonio Basílio

UM CRONISTA GENIAL

Memória de um repórter, 1978

Toninho Vaz – Foto Zeka Araújo

Carlinhos Oliveira tinha acordado dez minutos antes. Eu toquei a campainha e fiquei esperando. A porta abriu e surgiu uma figura frágil e debilitada, ainda sonolenta, usando um boné de homem do mar. Eu era leitor de suas crônicas no JB, mas estava curtindo seu romance Terror e Êxtase, sobre a paixão de dois jovens (1001, traficante do morro, crioulo; ela cocota classe média da Zona Sul carioca). Ao meio-dia, José Carlos Oliveira estava preparando um café e tentava (as mãos trêmulas não permitiam) acertar a pequena colher dentro de um ovo quente já aberto. Não conseguiu e desistiu para não pedir ajuda. Conseguiu dar dois goles no café sem usar as mãos, abaixando a cabeça até a mesa. Fomos para a sala conversar: ele numa cadeira de balanço e eu na poltrona em frente.
Pude conhecer um sujeito sensível e sério, visivelmente abatido por uma grave crise de alcoolismo e diabetes. Sua lucidez não se confundia com seu aspecto físico. Falou do doloroso processo de criação e das atividades pensantes de um intelectual. Não fazia jogo social, era um digno representante da linhagem maldita da literatura. Depois fomos para o Degrau, onde pedimos chope gelado e a entrevista continuou...
Anos depois, surgiram as impressionantes crônicas de Paris, onde Carlinhos fora tentar cura-se da pancreatite. Numa delas, como o último ideólogo do cotidiano, escreveu: "Não quero mais falar, nunca mais quero falar de política brasileira. Os personagens que nela se movimentam são toscos, mesquinhos, incapazes de discernir o futuro da pátria acima de suas pequenas cobiças, seus nojentos rancores, sua vaidade de travesti em baile de carnaval. Trabalhando esse material vil, sujei minhas mãos e meu espírito. Tratarei agora de tomar um banho de arte imortal, e de idéias olímpicas."
Morreu logo depois, em 1986.

MIRAN

S.O.S MANGUEIRA


Hermann Nass

Lembra daquela mangueira ameaçada pelas obras de ampliação de uma escola particular em Botafogo? Pois é, ainda não cortaram a árvore que dará lugar a uma piscina, conforme revelou um segurança do estabelecimento. A mangueira já exibe seus primeiros frutos, para alegria de todos aqueles que gostam de um fiapo bem encaixado nos dentes. Estamos de olho na bela árvore, cada vez mais cercada pelo entulho, que já cobre todo o pátio. Tristeza!

NEVE NA PENHA

Hermann Nass

Enquanto se discutia o adiamento do Projeto Aquarius devido às fortes chuvas que ameaçavam perdurar a noite toda e atrapalhar o evento nas areias de Copacabana, a galera lá da Zona Norte fazia a festa com a intensa chuva de granizo que teimava em não passar. Dona Lili, minha sogra, estava maravilhada. Poucas vezes, em seus mais de 70 anos de Vila da Penha, tinha visto coisa igual. Prá ela, era neve e pronto!!!

SOLDA

domingo, agosto 20, 2006

CÉSAR MARCHESINI

BOM DIA!

DOS SANGUESSUGAS

HACKER ENCARDIDO (A)

KEITH RICHARDS

Por Sebastian Krüger