sábado, agosto 19, 2006

ELA

Uma Thurman, a musa da era cibernética.

sexta-feira, agosto 18, 2006

SOLDA

COISA DE GÊNIO

Heitor Villa-Lobos

Toninho Vaz

Os credores que me acompanham sabem que o meu próximo projeto literário é a biografia do genial Villa-Lobos, com a qual venho me ocupando há um ano. É trabalho de fôlego, previsto para 450/500 páginas e dois anos de pesquisas (contando com 2 pesquisadores e uma assistente). A pesquisa inclui uma devassa nos arquivos e bibliotecas parisienses e novayorquinas, onde o maestro viveu e trabalhou mais tempo do que no Brasil.

Dias destes, meados do ano passado, fui a Paranaguá seguindo a pista do jovem Heitor que, em 1908, pegou uma carona na efervescência do porto e lá se estabeleceu como vendedor de banana glacê e caixeiro viajante. A reportagem, resultado de investigação solitária, foi publicada no Jornal do Brasil com grande destaque no último Natal, fazendo referência a “revelações inéditas” sobre o grande maestro. Para o presidente do Instituto Villa-Lobos, violonista Turíbio Santos, o trabalho me credenciava como um possível biógrafo do maestro.
Até porque, apesar do elemento folclórico, gostaria de poder contar coisas que eu sei do Villa, como a palestra, em 1950, para uma platéia parisiense. Quando ele terminou a orquestração de uma obra baseada “no som original de uma tribo indígena da Amazônia, extinta em 1840”, alguém na platéia perguntou com malícia: “Mas se a tribo foi extinta há tantos anos e, considerando que nesta época não havia aparelho de gravação, como o senhor conheceu o som dos índios?”
Villa foi rápido no gatilho: “Você não sabe, mas no Brasil os papagaios falam. Eles estão transmitindo isso através de gerações...”.

ANNA KOURNIKOVA

Das quadras para a praia

SOLDA

MILÉSIMO GOL

Hermann Nass
Romário volta para fazer seu milésimo gol no Vasco.
Pelé fez seu milésimo gol contra o Vasco.
Tem nexo.
De resto...

NOVAS CORES, VELHAS INVASÕES

HERMANN NASS
Enquanto algumas moradias recebem acabamento colorido, novos barracos surgem nas alturas do Dona Marta, já dentro do Parque Nacional da Tijuca. É a paisagem urbana em constante transformação. Para melhor?


César Marchesini

PATATIVA DO ASSARÉ

Toninho Vaz

Saiu uma coletânea de textos do poeta naïf que cingiu seu nome na lista dos grandes talentos brasileiros. Entre as quadrinhas selecionadas por Cláudio Portella:

Esta ciência sem par
De transplante, trouxe um meio
Que a pessoa pode amar
Com o coração alheio

Entre as mulheres cacei
As que consolam quem chora,
E as duas encontrei:
Mamãe e Nossa Senhora

O cearense Patativa do Assaré (1909-2002), figura folclórica da região do Cariri, além de poeta e violeiro foi cantador emérito. 376 páginas, Editora Global.

GLIMPSIE

Por Helmut Newton

CONFEITARIA BRILHO MUSICAL

Uma trilha sonora possível para sua sexta-feira:

“Apesar de você” – Chico Buarque

“Police on my back” – The Clash

“Sem compromisso” – Zé da Velha e Silvério Pontes

“Knocking' On Heaven's Door” - Eric Clapton

“Batucada”- Marcelo D2

quinta-feira, agosto 17, 2006

A ERA DUNGA


Será que a imprensa esportiva não aprende?

O defunto da Copa de 2006 mal esfriou, a camisa canarinho caça-níqueis está de novo em campo e as asneiras não dão trégua. A antena Basílica captou e retransmite agora pra você em edição mais ordinária que extraordinária.

- A Copa 2010 começa aqui! - do locutor oficial.

O repórter se vira para Daniel Carvalho, autor do gol brasileiro, e manda:
- E aí, tá com a vaga garantida, né Daniel?

O (dra)colunista daquele jornalão carioca cobra:
- Só não me decepcionei porque não esperava nada melhor.

*************
O que é que ninguém viu, Basílioooo?
O contrato do Dunga. 90 paus e só vale até 31 de dezembro.

Antonio Basílio

HORA DO ALMOÇO

(sem palavras)

PARA TOMAR DECISÕES


Está disponível aos eleitores preocupados em acertar, um site que monitora a vida política dos deputados federais. É o

http://perfil.transparencia.org.br/

que oferece facilidades para identificar a ação de um parlamentar, currículo, projetos, citações em jornais, etc. Vale a pena conferir e checar o seu candidato.

MIKE TYSON

Por Sebastian Krüger

CRIME ANUNCIADO

Ontem, na hora do rush, entrei no vagão do metrô em que as pessoas se espremeram ainda mais, para dar lugar aos que tentavam entrar, escapando das portas, que sempre fecham violentamente. Naquela intimidade forçada, impossível não ouvir a conversa em voz baixa que uma família francesa, composta de pai, mãe e dois filhos pequenos, 6 e 8 anos, parecendo cópias reduzidas do pai, mantinha entre si. "Next stop: Cinelândia Station" diz o alto-falante, sem repetir todas as informações dadas anteriormente em português, indicando que ali se pode pegar as conexões para Curvelo e Santa Tereza. "C'est Cinelandia, Maman", repetiu o filho mais velho, para que a mãe conferisse, num mapa tão amarrotado quanto incompreensível, se estavam no bom caminho. Coitada daquela família. Olhei para as pessoas, tão inocentes, tão desprotegidas, tão inconscientes do que lhes pode acontecer, a qualquer momento, nesta muy leal! Tive ímpetos de escoltá-las até seu destino. Mas não fiz nada disso, estava atrasado, correndo, como sempre. Hoje de manhã, ao chegar ao trabalho, fui olhar as manchetes dos jornais expostos na banca do "Seu" Francesco, aqui em frente. Não anunciavam o massacre de nenhuma família francesa. Que alívio!
Claudius

FIAPOS DE PAINA


Somente após passar por duas operações nas vias respiratórias é que descobri, sozinho, o real motivo de uma rinite que me fazia sofrer muito na infância: sou alérgico a paina. Meu travesseiro era recheado com paina, em flocos brancos e macios como os desta paineira em tempos de inverno carioca. Já que há várias paineiras espalhadas pela cidade, vale a dica para quem tem narigão sensível como o meu: não chegue muito perto, mude de calçada, proteja boca e nariz!!!
Hermann Nass

DITO POPULAR

Quinta-feira:

Agora que as crianças dormiram, um brinde a Bukowski, que faria 86 anos.

quarta-feira, agosto 16, 2006

EU NÃO SEI FALAR JAPONÊS

Parte 2

Já dentro do circuito, mesmo sem falar japonês.

Alexandre Moreira Leite

Mal dormi . Tomei o café da manhã e parti ansioso para a estação. Vinte minutos depois estava descendo em Suzuka e na praça tinha realmente uma fila. Japoneses e muitos estrangeiros. Quando chegou a minha vez, o táxi preto já parou com a porta aberta. Entrei. O motorista fez a primeira pergunta. Timidamente, disse: “Suzuka Circuitô”. Ele acenou com a cabeça e fez a segunda pergunta. Mas confiante, mandei na lata: “Padocô”. Ele mais uma vez balançou a cabeça, engatou a primeira e partiu. Uns quinze minutos depois, chegávamos ao autódromo e ele estacionou o carro bem de baixo de uma placa onde estava escrito Padock. Desci abobalhado do táxi. Quando passei pelo motorista me lembrei do recibo. “Recito”, eu disse. Ele apertou um botão e logo saiu impresso o meu comprovante.

Voltei de carona para o hotel e na manhã seguinte repeti o “esquema” do Claudinho. Mais uma vez deu certo. A diferença foi a minha entonação. Quase um japonês perfeito. E assim foi até o domingo, dia da corrida. Repeti pela quarta vez todo o ritual, mas, para minha surpresa, pouco depois de deixarmos a praça de Suzuka para trás, veio uma terceira pergunta. Não sabia o que responder. Agora ferrou, pensei, o cara não entendeu nada e eu vou parar lá no Monte Fuji. Na dúvida, mandei um “Hi”, que em japonês significa sim. E o motorista voltou a se concentrar no percurso. Olhei pela janela. Tinha um enorme engarrafamento do lado de fora. Vai ver que ele perguntou algo sobre o trânsito. Olhei para o céu e vi nuvens carregadas. Será que ele me perguntou sobre a chuva? Fui despertado dos meus pensamentos por uma nova pergunta, a quarta. Firme, mais uma vez respondi sim. E daí em diante, vieram várias outras. E também vieram vários outros sims. Quando enfim chegamos ao circuito, o motorista era só sorrisos. Me esperou do lado de fora do carro já com o recibo impresso na mão. Até hoje não sei se ajudei o cara a resolver um grande problema ou se ele tirou onda com a minha cara durante toda a viagem.

Se algum dia você pensar em ir assistir o Grande Prêmio do Japão de Fórmula 1, lembre-se do esquema do Claudinho. Eu atesto. Mas, cuidado. Se o motorista lhe fizer uma terceira pergunta, olhe para o lado e finja que não é com você.

O ANGU DO GOMES

Uma bola com passe livre para as redes.


Coisa de menino - Retamozzo

DE OLHO NO MERCADO

Em caso de tontura, descer a página.

CIVILIDADE

Tenho a mania chata, porém civilizada, de me expor a polêmicas. Seja entre meus pares, seja entre desconhecidos, me agrada provocar sutis desconfortos na ordem "natural" das coisas.

Um bom exercício são as cartas aos condomínios que, por força do destino e da condição social, me vejo obrigado a pertencer. A maioria das gentes odeia condomínios e faz de conta que eles
não existem, entregando a gestão da coisa pública que, por proximidade, mais lhe diz respeito a uma pessoa, ou a uma empresa, em cujos olhos preferem não olhar. Mais ou menos como a parcela majoritária dos brasileiros faz com seus governantes eleitos. Depositam-lhe o voto e depois esquecem de fiscalizar seus atos. Dá no que dá, claro. Sanguessugas, mensaleiros, anões. Sinônimos para o que temos um aparente medo de encarar de frente - ladrões.

Pois bem, revirando a poeira de arquivos antigos em meu computador encontrei esta pequena flecha de civilidade, que na época me fez muito bem ao aparelho digestivo. Sei que funcionou perfeitamente. Talvez tenha atingido o mensaleiro no coração. Omitirei nomes para preservar a privacidade. Divirtam-se.


"Cara Sra.,

o motivo desta carta é protestar formalmente pelo que considero um desrespeito aos direitos de morador deste condomínio, em dia com seus compromissos.

Depois de cancelar a assinatura da revista IstoÉ por tê-la sistematicamente furtada nos dias de entrega, me vejo agora às voltas com mais um pequeno ladrão, um larápio de jornais.

Já perdi a conta das vezes em que tenho a surpresa de chegar para pegar o jornal O Globo, do qual sou assinante, e tenho a péssima surpresa de não encontrá-lo, ou encontrá-lo apenas parcialmente. Sim, porque o ladrão, que certamente habita nosso condomínio - o Globo, ao contrário de IstoÉ, é entregue na área interna do prédio -, é seletivo. Uns dias rouba o jornal inteiro, em outros, especialmente aos domingos, leva apenas as partes que lhe interessam: o noticiário principal, o esportivo e o caderno cultural.

Neste domingo, 30.8, por exemplo, saí cedo para o trabalho e pude verificar na porta de entrada da rua que os jornais - ao que me consta são 2 os apartamentos que o assinam, 101 e 102 - estavam completos, inclusive encartados com a capa do Atlas Geográfico, distribuído aos assinantes. Não recolhi os jornais, como faço sempre que os encontro na porta da rua, porque estava atrasadíssimo. Qual não foi minha supresa ao voltar e notar que restavam apenas as partes internas de ambos os jornais. Não posso dizer que o apto.102 também tenha sido vítima do ladrão. Mas tenho certeza que, em domingos de chuva, o apetite dele deve se aguçar.

O que mais impressiona é que num prédio com apenas 5 aptos., todos com moradores de classe média alta, alguém tenha problemas financeiros que não possa comprar um jornal. Ou pior, se porventura os tenha, se aventure a roubar o jornal do vizinho.

De que adiantam trancas, portas novas se o ladrão age do nosso lado e ficamos impotentes para detectá-lo?

Gostaria que o Condomínio tomasse conhecimento do que se passa. E sugiro logo uma providência: que sejam listados os assinantes de jornais e revistas do prédio e que o zelador, cuja contratação, por alegados motivos de segurança, foi decidida por maioria em assembléia, ficasse responsável pela entrega pessoal. Em caso de ausência do morador, que se determine um local de guarda de jornais e revistas para posterior recolhimento.

E claro, olho no larápio! Ele, ao menos, deve ser daqueles que se diz bem informado. Bem informado e mal formado."


Antonio Basílio

VENDE-SE


Para você, que tem fé num bom negócio e não gosta de desperdiçar oportunidades divinas, talvez esta seja sua grande chance de se tornar dono do próprio negócio, autônomo, com trabalho em local abençoado e em contato com pessoas elevadas.

Foto Hermann Nass em Canaã dos Carajás, Pará.

BOM DIA

MEMÓRIA ANALÓGICA

Torres e seu bonezinho: descobrindo talentos.

Tenho poucas e boas histórias com Antonio Torres, meu vizinho nos tempos de Ipanema. Ele morava na Souza Lima e eu na Antonio Parreiras: quatro quarteirões nos separavam, mas o bar Jangadeiros, na Praça General Osório, nos aproximava. Certo dia, tipo 1992, entre um chope e outro, o autor de “Um Táxi para Viena d´Áustria” desafiou: “Você tem alguma novidade, coisa realmente interessante para meus leitores?” (Ele escrevia uma coluna aos sábados no Jornal do Brasil). Eu não pensei muito:
“Olha, esta semana fui conhecer a produção poética da Dóris Giesse, minha colega na televisão, que armazena uma impressionante safra de poemas inéditos escritos desde os 18 anos. Separei uns 40 para formatar um livro de estréia da loura.” O Torres, aparentemente, duvidou de alguma coisa:
“Mas, bons mesmo? Pode me mostrar algum?” Eu tinha memorizado apenas dois ou três, aqueles que me pareceram mais impressionantes, e mandei um deles:

Fêmea?
Sei é que sou tão macho
que sorvo o pênis mais próximo
Melhor ainda se for amado
só para ter de volta
o que por uma ira genética
me fora mutilado

O meu recital improvisado provocou um visível impacto no Torres, que ficou olhando para o ar imaginando o rosto andrógino da moça. E quis saber:
“Os outros são da mesma qualidade?”
“Melhores”, respondi. “Quer ver?”
E mandei dois não-eróticos que provocaram o mesmo efeito – pelo repertório e agilidade. O Torres ainda murmurou: “Que coisa impressionante”. No final de semana o assunto estava nas páginas do JB com o título: “Dóris para leitores”, onde ele informava que a descoberta literária deveria ser transformada em livro, etc.
Dias depois, quando nos reencontramos na mesa do Jangadeiros, ele estava visivelmente acabrunhado pelo excesso de críticas e “quase-ofensas” que recebera dos leitores (amigos) por dar crédito a uma, digamos, vedete. Era esse o tratamento que a Dóris mereceu: vedete.
Agora, 14 anos depois, nos encontramos no Café Antonio Torres, no mezanino da livraria Letras & Expressões, no Leblon, para falar de amenidades e tomar cerveja. O café, como já deu pra perceber, é uma homenagem da livraria ao meu amigo, recentemente consagrado na França, onde suas obras ganharam tradução e grande espaço na mídia. No bate-papo, lembramos do assunto Dóris e, numa conferência rápida, pudemos avaliar que, passados tantos anos, ambos mantivemos os valores daquela descoberta. E, como num lance de dados, o dado mais impressionante foi a constatação de que – por motivos intangíveis e/ou preconceituosos – o livro da Dóris continua inédito.
Toninho Vaz

AS APARÊNCIAS ENGANAM

VEJA BEM

A diferença entre o clown e o bufão é que o clown
está sozinho, enquanto o bufão faz parte de um bando.
Registre-se também que zombamos
do clown, enquanto os bufões zombam de nós.
(Jacques Lecoq).

terça-feira, agosto 15, 2006

O MARACANÃ DA VELOCIDADE


Bristol, Michigan, em dia de Food City 500.




CUIDADO COM A MANGUEIRA


Em um dos quintais da rua das Palmeiras floresce esta bela mangueira, que mostra todo o seu vigor nesta época do ano. A casa passa por reformas e será ocupada por crianças de uma escola primária. Foi lá no boteco do Raimundo, o glorioso "das Palmeiras", que veio a notícia: a mangueira será derrubada e, em seu lugar, vão construir uma piscina. Não daria para adaptar este projeto e poupar a árvore, que já está cercada por entulho? Isso é legal? Olho no lance.

Hermann Nass

EU NÃO SEI FALAR JAPONÊS

PARTE 1

O táxi disponível fazia parte do esqueminha.


Alexandre Moreira Leite

Eu não sei falar japonês, foi o que eu disse quando me informaram que, por falta de vagas, a equipe da Globo ficaria em hotéis separados no meu primeiro ano de cobertura do Grande Prêmio do Japão de Fórmula 1. Eu estava em pânico e não era para menos. Quando visitei o país pela primeira vez, alguns anos antes, tive problemas de comunicação. Mesmo em Tóquio. Na ocasião, para vocês terem uma idéia, eu pedi a um funcionário do hotel uma sugestão de restaurante barato (uma contradição, se tratando de Japão) e... Bem, para encurtar a história, paguei uma conta de cento e cinqüenta dólares na indicação dele.

Mas, voltando à história inicial, descobri que, além de ficar em hotéis diferentes, ficaríamos também em cidades diferentes. A minha seria Tsu, vizinha a Suzuka. Eu não sei falar japonês, repeti com mais ênfase. Cláudio Amaral, companheiro de várias aventuras e durante muitos anos o cara que montava sozinho a cabine de transmissão da Globo na Fórmula 1, me tranqüilizou. “Relaxa, todo mundo da equipe já passou por isso. Temos um esqueminha que não falha e você vai chegar sem problema ao hotel e depois ao circuito”.

O Claudinho foi explicando e eu anotando para não perder nenhum detalhe. “Primeiro você vai desembarcar em Nagoya”, disse ele. “No próprio aeroporto, você vai pegar um trem que te levará direto a Tsu. Não tem erro. A estação é bem sinalizada e você não vai ter dificuldade de comprar a passagem, Depois de mais ou menos duas horas de viagem, você vai sair da estação e encontrar uma grande avenida. Siga por ela e entre na primeira à direita. O seu hotel é o terceiro prédio do lado esquerdo.”

E continuou. “No dia seguinte, é só fazer o caminho inverso para chegar na estação. O pessoal de lá entende um pouco de inglês. Compre uma passagem para Suzuka. A viagem é rápida. Menos de vinte minutos. Saindo da estação em Suzuka, você vai dar numa praça. Lá vai ter uma fila. Entre nela. É a fila do táxi. Quando chegar na sua vez, não precisa abrir a porta. Ela abre sozinha. Depois que você entrar no táxi, o motorista vai lhe perguntar alguma coisa. Você responde : Suzuka Circuitô. Ele vai fazer uma nova pergunta. E você diz: Padocô., que é assim que eles falam padock.” Eu escutava tudo incrédulo, achando que ele estava tirando sarro da minha cara.
“Ah”, continuou ele. “Quando você chegar, diga: recitô. E ele vai lhe entregar o recibo da corrida. Não tem erro. Funcionou comigo”.

Ainda estava atônito, dias depois, no vôo para o Japão. Mas, pensei com os meus botões, não custava nada tentar. Apesar de achar que a história toda parecia um trote, eu não tinha nada a perder. Não tive nenhuma dificuldade de pegar o trem e quase duas horas depois estava desembarcando em Tsu. E, para minha surpresa, o hotel ficava exatamente onde o Claudinho me disse. Mas a história do táxi me preocupava. Ninguém pode ser tão cartesiano assim.

(continua amanhã, quarta-feira)


ESTAMOS OPERANDO EM
CARÁTER EXPERIMENTAL
PERMANENTE

UM CLÁSSICO


David MacDonald e sua versão dos planos inconciliáveis.

EXTRA! EXTRA! EXTRA!

ALIVIO! IZABEL FAZ CONTATO E BUSCAS SÃO INTERROMPIDAS



A navegadora Izabel Pimentel acaba de fazer contato com um barco da Marinha (o Graúna) que participava da busca do veleiro solitário. Na sexta-feira, ela teve problemas de comunicação que já estão resolvidos, mantendo a previsão de sua chegada, para uma parada estratégica, no final de semana, em Fernando de Noronha. No mapa acima, com interferência de Murilo Novaes, aparece o trajeto de Izabel até o destino Fernando de Noronha.
(Conheça as aventuras de Izabel, hoje, terça, no programa NAVEGANDO, Sportv, 22,30 h. Uma produção MIDMIX.)

EXTRA!


A RAINHA DO MAR


Navegadora brasileira perde contato em viagem solitária pelo Atlântico

A moça sorridente da foto é Izabel Pimentel. Ela nasceu no Mato Grosso, bem longe do mar. Mas foi no mar que se encontrou. Gosta de viver ao sabor dos ventos. Izabel é uma aventureira das boas. “O mar é minha estrada”, costuma dizer. Atualmente, ela está atravessando o Oceano Atlântico em solitário, num pequeno barco de pouco mais de seis metros de comprimento. Ela partiu de Cascais, em Portugal, no mês passado, preocupada com a previsão de calmarias no percurso. Ao invés de calmarias, encontrou tempestades. Uma atrás da outra. E Izabel, raçuda, enfrentou todas elas. De peito aberto. Seu barco é que não agüentou o tranco. Um dos motores parou, os lemes quebraram... Mas ela não entregou os pontos, construiu um novo leme e continuou rumo a Fernando de Noronha.

Desde a última sexta-feira, Izabel não dá notícias. Nesta madrugada, seu pai pediu ajuda à Marinha para tentar localizar a filha. Hoje pela manhã, uma aeronave começará os trabalhos de busca. Tenho fé, assim como muitos que estão acompanhando esta odisséia, que tudo não passa de um problema de comunicação e que Izabel logo estará aportando em Noronha.

Vamos torcer por esta brasileira. Daquelas que honram o nosso país.
Alexandre Moreira Leite

BOM DIA!



CONFEITARIA BRILHO MUSICAL

O melhor para ouvir nesta terça-feira:

“Mardito Fiapo de Manga” - Joelho de Porco
“Cabeça Feita” – O Peso
“Olha o Menino” – Caetano Veloso
“Redemption Song” – Bob Marley
“As Rosas Não Falam”- Cartola
“La Vie En Rose” – Tony Bennet e k.d. lang

Disponíveis nos melhores sites de busca.

PEGA LEVE

Na surdina, nossa tão decantada democracia completa maioridade, 21 anos – tem gente que conta desde 89, ano da primeira eleição presidencial pós-ditadura. Seriam então 17 anos. É uma conquista e tanto se levarmos em conta a média democrática latino-americana, noves fora Cuba, cujo tempo democrático pode e deve ser medido por parâmetros algo além dos votos na urna. Nem quero entrar nisso.
Quero só perguntar: qual a medida efetiva da democracia de um país? Para as elites da nossa mídia, o conceito de regime democrático trafega no limbo onde habitam a quantidade de pleitos realizados, liberdade total para a propriedade privada, controle da máquina estatal, domínio e alcance dos meios de comunicação e institucionalização do neoliberalismo.
A série de atos do PCC, mais do que aterrorizar a população paulista, vem chacoalhar o bolor da democracia verde-amarela. Em 1792, já sabiam aqueles que caíram nas comunas de Paris que democracia era bem mais do que representantes eleitos para exercer o poder e fazer as leis. O PCC reclama e intimida em nome de uma democracia básica para a qual nós, cidadãos pagadores de impostos, em grande maioria, preferiu fechar os olhos – os direitos básicos da vida: ter casa, ter escola, ir e vir, ser respeitado cidadão, independente de sua raça, credo, sexo, condição e conta bancária. Precisa o PCC e Marcola chutarem o balde para as autoridades se mexerem? Precisa o massacre deixar a periferia e chegar à ZonaSul de São Paulo? O que mais precisa?
- Ora, pega leve, Basílio! – dirão alguns.
- Pegar leve é fiapo de manga alcançável pelo indicador.

Antonio Basílio

CARTEIRADA


Não é por nada não, mas como já fui seqüestrado uma vez, vou dar um conselho aos coleguinhas jornalistas: deixem suas carteiras em casa. Os caras que me levaram perguntaram na tampa, me apontando dois treizoitão, se eu era polícia ou jornalista. Fuçaram nos documentos e não acharam nada além de talão de cheques e cartão de crédito. Falei que era escritor e acho que eles ficaram com pena e me deixaram livre algumas horas depois, lá perto da Cidade Alta. Levaram minhas coisas, levaram meu fusca zero bala na Washington Luís e me soltaram nas altas da madrugada. Desde a morte de Tim Lopes eu não mais carregava minha carteira de jornalista. Foi uma sábia decisão, que recomendo a todos.
Hermann Nass

SOB A LUZ DO VAGALUME



Um pouco cedo para Heloísa. Um pouco tarde para Cristóvão. Um pouco nada para o picolé de chuchu. Um pouco Lula para dizer não. Um pouco mais para tomarmos decisões. Deixem os leões entrarem na arena porque os cristãos estão famintos de sangue.

Tira esse fiapo, agora, vai!

segunda-feira, agosto 14, 2006

HYPER REALISMO


Parece foto mas não é. É mestre Ralph Goings dando brilho ao cotidiano.

EU E AS ELEIÇÕES

(Estratégia Mínima)


Heloísa Helena - sem óculos, mas com visão.

Comecei o texto com a frase “É com o dedo no nariz que entabulo estes pensamentos para adequar a minha ideologia ao caos político e às próximas eleições”. Depois fiz uma pausa, tomei uma limonada, abri a VEJA e, ao acaso, encontrei a mesma idéia na coluna do Diogo Mainardi, que com o dedo no nariz vai votar no Alckmin. Eu não. Com o dedo no nariz vou votar na Heloisa Helena, o fiel da balança, a candidata que pode crescer e tirar votos do Lula. Minha índole exige o 2º turno, mesmo porque, neste jogo de pangarés, ninguém merece vencer de goleada, muito menos o Lula, depois de tudo que aconteceu.

Resumindo minhas aspirações políticas: quero que o Lula e o Alckmin se lixem, mas também considero a Heloísa Helena, sem quadros para governar, longe do modelo que planejei para o meu país. Na minha expectativa de eleitor, não vou votar em branco e muito menos anular, vou adotar uma estratégia mínima, contra o absolutismo.
Também não abro mão de acreditar no Imponderável de Almeida, para lembrar Nelson Rodrigues (o dele é o Sobrenatural de Almeida) e suas tiradas da realidade. Se houver 2º turno posso me considerar um vencedor. Ainda me resta um fiapo de resistência.

Senti tonturas quando meus conterrâneos elegeram Fernando Collor de Mello e, pelas mesmas razões, sinto tontura quando vejo que o populismo do PT consegue o mesmo efeito.
Sendo assim, à moda do NYTimes, que anuncia com antecedência e transparência o seu candidato, fico com o mais autêntico: Heloísa Helena para Presidente.

Toninho Vaz

UMA RUA TEMÁTICA

Na esquina fica a Drogaria Viagra.

NOTÍCIA DE UM SEQÜESTRO


O livro “Notícia de um Seqüestro”, de Gabriel García Márquez (EditoraRecord), relata a série de seqüestros na Colômbia, no início da década de noventa, cometidos pelo Cartel de Medellín (leia-se Pablo Escobar). Entre os seqüestrados, a maioria era de jornalistas. Escobar usou os seqüestros como forma de pressionar o presidente César Gaviria a não assinar a Lei de Extradição, que permitiria ao governo colombiano mandar os narcotraficantes para os Estados Unidos. Os extraditáveis, como eram chamados, obrigavam os parentes das vítimas a divulgar nos meios de comunicação suas queixas em relação à ação violenta da polícia ao combatê-los. Agora, a história se repete em São Paulo. Mais de dez anos depois. Assim como na Colômbia, o governo paulista foi colocado em xeque pelo PCC. Com o sucesso na empreitada, Marcola & Cia descobriram um novo meio de pressionar as autoridades e acuar ainda mais a população. Está na hora de se dar um basta. Está na hora de deixar de lado a política e unir forças. Chega. Os Fiapos estão felizes pela libertação do repórter Guilherme Portanova, vítima desta situação assim como foi a jornalista Maruja Pachón no livro de García Márquez. Mas os Fiapos ainda choram por São Paulo.

O BELO E O FEIO



A coleguinha Marize Mattos, da Comunicação da Vale do Rio Doce, captou essas imagens na semana passada, em Tiradentes: o contraste entre o belo ipê e a placa do Bar do Feiúra.

O MAIOR AMOR DO MUNDO

Hermann Nass

Com fôlego de menino, Cacá Diegues prepara o lançamento de sua mais recente criação, O Maior Amor do Mundo. Cinéfilos, setembro está chegando! Apesar da intensa correria - semana passada ele esteve na capital paulista -, tudo corre bem e o mestre está satisfeito.
Dirigir o making-of do filme de Cacá foi bem mais do que um privilégio para mim: foi uma aula prática sobre a arte de fazer um longa em total harmonia, organicamente, sem stress e sem gritos no set (a não ser os gritos de dor e de prazer protagonizados por um time de muitas feras, em cenas de pura emoção). O trabalho foi árduo, sempre, mas apaixonante. Como disse José Wilker durante a filmagem: "Cinema é cedo, longe e demorado. E muito bom de fazer com Cacá Diegues." Aguardem o making-of com o lançamento do filme!

domingo, agosto 13, 2006




ESTAMOS OPERANDO
EM CARÁTER EXPERIMENTAL
PERMANENTE

NA JANELA DO HOTEL


Pôr-do-sol em qualquer cidade depois da chuva. Foto Toninho Vaz.

VAZANDO PELO RALO

O Brasil está diante de um dos maiores esquemas de corrupção já vistos na história do país. A máfia dos Sanguessugas envolveu as mais diversas instâncias do poder público, do meio privado e lucrou milhões com as fraudes em licitações. Esquemas de corrupção como esses geram um prejuízo anual de quase R$ 10 bilhões à economia brasileira, deixando clara a fragilidade do sistema administrativo que toma conta do dinheiro dos cidadãos.
A estimativa é do economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Marcos Fernandes. O dinheiro perdido anualmente pelo Brasil com as irregularidades corresponde a 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do país (cerca de R$ 2 trilhões). Também equivale quase que à metade do total previsto no orçamento federal para os investimentos deste ano (R$ 24,5 bilhões). A quantia desperdiçada pagaria, por exemplo, a construção de mais de 500 mil casas populares, beneficiando cerca de dois milhões de brasileiros.


Na hora de votar, pense bem.

NO BAR BICO


Sebastião e Dom Pi: afinados

Essa quem contou foi o Dom Pi, pianista da banda Victória Régia e companheiro de Tim Maia por mais de 10 anos, inclusive dividindo o mesmo apartamento. Dom Pi mora na Alemanha desde os anos 70, onde trabalha como músico profissional. Com a morte de Tim, em 1998, ele passou a escrever suas memórias de um tempo que já é história. Essa aconteceu em 1972 e faz parte do livro inédito:
”Era um programa rotineiro. A gente costumava passar no bar Bico, no Posto 6, para uma cerveja em pé, no balcão, quase sempre na madrugada, depois de ensaios ou de algum show. Era a região da Galeria Alasca e a movimentação por ali era garantida. Como andávamos em dois carros, o problema maior era o estacionamento. O Tim, que já conhecia o macete, esticava logo uma nota de 10 para o PM de plantão e tudo se resolvia muito rápido. O PM até saía de perto para todo mundo ficar à vontade.Certo dia, depois de um ensaio exaustivo, remexendo nos bolsos, descobrimos que não havia dinheiro nem para uma cerveja. Foi um desânimo. Apesar disso, o Tim falou: “Toca pro Bar Bico que eu vou tomar uma grana do PM. "
A história poderia não acabar bem, mas, mesmo assim, quando chegamos, o Tim encostou no PM e pediu uma nota de 10 emprestada, algo que pudesse pagar um ou dois hambúrgueres e várias cervejas (essa era a vantagem do bar Bico, cerveja no balcão). O PM reagiu imediatamente: “O que é isso, rapaix? É o contrário. Tu é que vaiz me dar dinheiro pra deixar os carros estacionados desta maneira... Pode passar os deiz.” O Tim insistiu que estávamos sem um puto e que, dessa vez, o PM fosse camarada e deixasse pelo menos 10 em sua mão. Era o mínimo que ele podia fazer em retribuição a tantas gorjetas recebidas. Foi com um ar de desconsolo que, após uma inspirada argumentação do Maia, o PM garantiu a rodada daquela noite.”
Toninho Vaz