quinta-feira, outubro 05, 2006

IMAGEM DA FRONTEIRA

Hermann Nass

Este posto de fronteira entre o Brasil e a Bolívia permaneceu fechado por vários dias logo após o governo boliviano ter expulsado empresas brasileiras do país. Os mais prejudicados foram os cidadãos de ambos os países, que só querem ter o direito de trabalhar e ter uma vida digna.

DA SÉRIE: O EXTERMINADOR DE MANGUEIRAS


Hermann Nass

Certa vez, lá pelo início da década de 1980, quando lutávamos para banir a ditadura, presenciei o desabafo (in)conformado de um militante da ala mais radical da esquerda:

"Companheiro, a luta continua! Ainda temos um fusca e uma metralhadora!"

Não sei por que motivos me lembrei desta passagem vivida na Escola de Comunicação da Praia Vermelha, a ECO, ao ver a mangueira desta escola em Botafogo sendo enterrada dia após dia. As fotos revelam uma mangueira que perdeu seus galhos inferiores, de onde pendiam mangas em processo de amadurecimento. Vejam como os galhos restantes carregam muitas manguinhas. Por baixo, um mutirão se encarrega de jogar entulho aos seus pés (são duas árvores que cresceram juntas), dificultando o caminho da água até suas raízes. Tudo leva a crer que as mangueiras têm dias contados. Já falaram que vão construir uma piscina para os alunos e já falaram num pátio maior para a meninada. Resta saber se a mangueira será sacrificada ou não, e se esta atitude é aceitável do ponto de vista moral e legal. Uma outra mangueira centenária foi mutilada na Rua Sorocaba, na semana passada. Saiu no jornal e tudo. A equipe do fiapo de manga continua atenta e solidária às mangueiras indefesas. Mesmo que reste apenas um fusca velho e uma metralhadora enferrujada.

SINCERIDADE E PÃO DE QUEIJO

A história é verídica. Teve testemunhas e uma delas me fez o relato que se segue.

O deputado, agora senador eleito, Francisco Dornelles, sobrinho de Tancredo Neves, é convidado para dar uma entrevista numa grande rede de televisão. Chegando lá, resolve fazer uma boquinha na cantina, momentos antes da gravação do programa. Meio da tarde, cantina cheia, o deputado se exime de passar primeiro no caixa para fazer os pedidos. Vai ao balcão e escolhe:

- Um pão de queijo e um suco de laranja, por favor.

Enquanto espera, como bom político, aproveita para vender seu peixe, fazer seu proselitismo. Normal. Vai juntando povo para ouvir o discurso do nobre deputado. O pão de queijo é devorado rapidamente, o suco desce que nem água. Empolgado, não se sabe pelo público ou pelo frescor do pão de queijo, Dornelles emenda:

- Outro pão de queijo, um mate e... de quê é mesmo aquele docinho?
- Côco, doutor.
- Me vê um pedaço de bolo, então.

Belos motivos para continuar o discurso, ampliar suas bases em meio a formadores de opinião. Papo vai, papo vem, eis que chega a hora da gravação. O deputado Dornelles dribla a fila, chega no caixa e fala com aquela dose de sinceridade.

- Quanto é o mate, minha filha?
- 1,20.
- Ah, bom. Toma aqui, 2 reais, e pode ficar com o troco.

E sai apressado rumo ao estúdio.

Se no bar é assim, imagine o que ele não faz com uma emenda do orçamento.


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Francisco Dornelles é hoje um dos políticos mais ricos do Brasil. Conforme a declaração de bens apresentada à Justiça Federal, ele hoje conta com um patrimônio de R$ 5,127 milhões, que inclui ações em várias empresas e bancos, sete imóveis e seis automóveis. Sua campanha para o Senado do Rio de Janeiro não economizou recursos em cabos eleitorais profissionalizados, centenas de veículos e várias peças publicitárias. Apoiado entusiasticamente por banqueiros e poderosos industriais, ele apresentou à Justiça Eleitoral uma estimativa de gastos de R$ 6 milhões na sua campanha.

Antonio Basílio

quarta-feira, outubro 04, 2006

BOM DIA!

A VOZ DO ROCK


Alexandre Moreira Leite

Há vinte e seis anos, e menos de um mês depois de Jimi Hendrix, Janis Lyn Joplin embarcava para a sua última viagem. No dia 04 de outubro, depois de uma overdose de heroína, a maior cantora da história do rock foi encontrada morta em um quarto de hotel em Hollywood. No início da década de 60, esta texana que nasceu ouvindo blues e que cresceu lendo os poetas da beat generation, se mudou para a efervescente São Francisco e logo estava fazendo sucesso nos palcos da cidade. Sua carreira foi curta, apenas quatro discos. Os dois primeiros foram gravados com a Big Brother and The Holding Company: “Big Brother and The Holding Company” (1967) e “Cheap Thrills” (1968), que tinha “Summertime” como destaque. O terceiro foi com a Kozmic Blues Band: “I Got Dem Ol' Kozmic Blues Again Mama!” (1969). Seu primeiro trabalho solo foi também o seu melhor disco. Só que Janis morreu sem vê-lo pronto. Merecia. “Pearl” (1971) é uma obra prima.

Confeitaria Brilho Musical recomenda todas as faixas de Pearl para esta quarta-feira.

Move Over (Janis Joplin)
Cry Baby (Jerry Ragovoy, Sam Bell)
A Woman Left Lonely (Dan Penn, Spooner Oldham)
Half Moon (John Hull, Johanna Hall)
Buried Alive in the Blues (Nick Gravenites)
My Baby (Jerry Ragovoy, Mort Shuman)
Me & Bobby McGee (Kris Kristofferson, Fred Foster)
Mercedes Benz (Janis Joplin, Bob Newirth)
Trust Me (Bobby Womack, Michael MClure)
Get it While You Can (Jerry Ragovoy, Mort Shuman)

terça-feira, outubro 03, 2006

FLORIPA (ÚLTIMA)


O mundo do meu ponto de vista na terça-feira da semana passada, na praia de Jurerê. A marca deixada na areia pode ser entendida como o resultado da minha procura por uma lógica que me livrasse da culpa de tanto prazer e ócio (ainda que merecido).


Toninho Vaz

COLUNA (NADA) SOCIAL



Toninho Vaz, de Santa Teresa

Dia de churras aqui em casa pode não ter sol, mas sempre tem boa conversa - prática das mais prestigiadas pelos meus amigos. Foi o caso desta tarde de sábado que contou com o violão inspirado de Renato Piau, o maestro oficial de Melodia. No flagrante (no bom sentido, pois eles bebem apenas cervejinha), os casais Henrique Lago & Tania Celidônio e José Joffly & Cândida (que conheço desde priscas eras). Foi muito bom, rapazes!

segunda-feira, outubro 02, 2006

IMAGEM DA JANELA (9)


Hermann Nass

Tempo feio, com chuva, vento e frio. O pessoal que mora no alto dos morros está entre as nuvens, curtindo uma paisagem incomum para o Rio. Vantagem: por mais que demore a passar, o mau tempo dura pouco para os cariocas.

NOVO ENCONTRO

Agora vai ser no mata-mata. Não tem prorrogação e nem penaltis. Dia 29 de outubro. As urnas vão responder.

(Toninho Vaz)

domingo, outubro 01, 2006

FLORIPA, PÁ!

Um canto de Florianópolis, como numa paisagem dos Açores. (Foto Toninho Vaz)

MEDO DE AVIÃO



Perdi alguém que não conhecia no vôo 1907. Uma pessoa distante da família se foi. É difícil chorar a morte de quem nunca vimos. Choramos pelo sofrimento de amigos e parentes. É uma dor em eco. Esses acidentes acabam sempre reforçando a noção da fragilidade (e fatalidade) da vida. Da imperfeição das máquinas e dos homens. Tudo parece certo e perfeito num momento, e no seguinte não está.
Eu nunca tive medo de avião. Desde pequeno sonhava em voar naqueles pássaros brancos, barulhentos. Minha mãe conta que fiz minha estréia na ponte áerea Rio-São Paulo com apenas 4 meses. Na infância, imaginei ser piloto. Depois comecei a usar óculos e as esperanças mudaram de rumo. Não perdi, no entanto, o fascínio pelos aviões. Já andei de Bandeirante, Concorde, Fokker, 7eteceteras, Jumbos, na econômica e na primeira. O que mais incomoda em todos eles, sempre, é o tempo da viagem. Passou de quatro horas, aí fica difícil. É um tal de virar pra cá, pra lá, de contar as milhas naquelas telas coloridas. Vôos imensos de 12, 13 horas podem ser bonitos para a gente contar vantagem depois.
- Olha, fui de Buenos Aires a Auckland, na Nova Zelândia. 13 horas de vôo!
Mas que suplício. Mesmo na primeira classe, tratado feito marajá.
Sufoco já passei alguns. Quem não tem uma história de medo em avião? Uma vez, sobre o Pacífico num vôo da JAL, a comida foi parar no teto e o estômago na boca por causa de uma turbulência.
Quando cai um avião grande desses a sensação é de que por muito tempo ainda seremos cobaias para experimentos arriscados. Rogai por nós, Santos Dumont!


Antonio Basílio