sábado, dezembro 02, 2006

REGGAE PROGRESSIVO

Eles tocaram no Circo Voador no primeiro semestre, mas não vi. Uma amiga contemporânea, levada pela filha de 20 anos e embalada por Red Label de barraquinha em copo plástico, adorou e me deu o CD que desde junho lidera a lista dos mais tocados no carro: Dub Side of the Moon, versão rasta do clássico que abriu as portas da percepção do rock’n’roll.

Quem cresceu nos anos 70 ao som de Pink Floyd, Yes, Genesis, Triunvirat, ELP e PFM, e comungou com Bob Marley, Peter Tosh, Jimmy Cliff ou UB40, não precisa mais acender uma vela para cada santo. Pode queimar as duas simultaneamente ouvindo os tais Easy Star All-Stars conseguirem o inimaginável: dar vontade de dançar ao som de Time.

Há heresias que os puristas não perdoarão e é recomendável pular On The Run, mas Speak to me/Breathe, Money e Brain Damage são apropriações dignas do original. Além das quatro faixas extras onde o dub amplia as fronteiras do dark side.

O projeto é de 2002, lançado em 2003, exatos 30 anos depois do vinil que acabei herdando do meu avô (que gostava de música clássica, mas ouvia de tudo). Está na hora de religar o toca-discos, pra não dizer vitrola.

Fewerton

quinta-feira, novembro 30, 2006

BÚZIOS PARA INICIADOS 6

Vida na pedra - Foto de Hermann Nass

CARTOLA


"As Rosas Não Falam"
(Cartola)

Bate outra vez
Com esperanças o meu coração
Pois já vai terminando o verão, enfim

Volto ao jardim
Com a certeza que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar para mim

Queixo-me às rosas, mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti, ai

Devias vir
Para ver os meus olhos tristonhos
E, quem sabe, sonhava meus sonhos
Por fim.

Há 26 anos morria Agenor de Oliveira, o Cartola.


quarta-feira, novembro 29, 2006

CENA CARIOCA

Tamanho não é documento.
Foto de Lucas Landau

terça-feira, novembro 28, 2006

ESTRELA NO CÉU DISTANTE

Hermann Nass

A cantora Flávia Gabizo chegou do Japão, onde mora há um ano, com uma desagradável notícia para quem está tão distante do Brasil. A Varig deixará de voar para Tóquio e parece que o escritório da empresa nesta cidade vai fechar as portas.

Quem viaja por esse mundão sabe que os escritórios da Varig eram quase embaixadas do Brasil no exterior, solucionando muitos pepinos daqueles brasileiros que acabavam entrando em alguma fria alhures. Era um porto seguro, que possibilitava conexão direta com a terrinha e que tinha pessoas que falavam português. Um alívio para muitos brazucas que não dominavam outros idiomas.

Por outro lado, no Brasil, a Varig volta a operar em algumas linhas aéreas nacionais. Confio na recuperação desta empresa, que conquistou meu orgulho em décadas passadas, justamente por me garantir o direito de ir e vir. Guilherme Laager, o novo presidente Varig, deixou a marca de sua competência nas empresas em que trabalhou nos últimos anos, como Ambev e Vale.

A INVEJA É ....

Sou tricolor de coração. Sou do clube com tanta divisão. Claro, falo do Fluminense Football Club que, segundo o João Saldanha, tinha pinta de sujeito rico, mas sem um tostão no bolso.

Bão, domingo teve Santa Cruz x Fluminense ao vivo. Ao mesmo tempo, outro tricolor estava em ação. Era o São Paulo Futebol Clube. Isso mesmo, FC em português e não em inglês como o "sujeito rico" lá de cima.

Triste roteiro para os do Flu!


O jogo termina com o tricolor carioca tirando a cabeça momentos antes da guilhotina descer. Difícil comemorar algo. Evitamos nosso 4º rebaixamento! Ueba!!!


A imagem sai do Recife e vai imediatamente para São Paulo. Melhor que não fosse. O tricolor paulista já era tetracampeão por antecipação, fazia o jogo das faixas e, claro, ganhava. E ganhou! Depois teve troféu, faixas, medalhas, volta olímpica...

Será que o vestiário do Flu no Recife tinha TV?


Marcelo França

O LOBBY DA COMUNICAÇÃO


Um editorial aqui, outro ali. Os grandes conglomerados nacionais da comunicação intensificam seus pitacos, seus lobbies, a favor de uma revisão da carcomida regulamentação do setor. O que vem aparecendo na mídia é apenas o gelo derretido na ponta do iceberg. Há uma guerra rolando nos bastidores, uma guerra onde vale tudo, uma guerra pela gigantesca fatia da indústria do entretenimento. A batalha tecnológica pela adoção do sistema de TV digital, a ser implantado a partir do ano que vem - promete-se transmissões em HDTV para a cidade de São Paulo em junho -, tenta camuflar a questão política, cultural e democrática, esta sim muito mais importante. Na verdade, a adoção do sistema japonês (devidamente adaptado às necessidades brasileiras - leia-se da Rede Globo) deixa ainda aberta a discussão sobre como vai ser fatiada a banda, quem vai ter acesso a ela, que parte será destinada à comunicação pública, sem falar nas questões paralelas, como convergência das mídias, rádios e TVs comunitárias, financiamento público deste circo etc.
Este aparente emaranhado de interesses tende a ficar no plano do lobby das corporações caso a sociedade civil, organizada ou não, permita que a discussão fique restrita à definição de atribuições e regulamentação do uso da TV Digital. O que está claro para todos é que o Código Brasileiro de Radiodifusão, de 1962, já não contempla ninguém e nada. Foi naturalmente superado pela tecnologia e pela evolução do mercado. No entanto, não há interesse nenhum de quem detém as concessões de democratizar a discussão. Em encontro recentes com executivos de uma grande emissora de televisão, um dirigente disse com todas as letras: "Não podemos deixar a definição da tecnologia e da regulamentação da TV Digital para amadores. Fazer qualquer concessão é perder mercado. Isso não podemos tolerar." Claro, que interesse público que nada. Ele está ali fazendo o papel dele. Defender a corporação que lhe paga régios salários e participações. Então a pergunta:
- Quem vai defender o interesse público?
A resposta é simples: o público. E o público somos nós. Organizados em ONGs, sindicatos, associações de classe, pequenas empresas produtoras de conteúdo. Se deixarmos, será o Helio Costa, representante dos conglomerados no Governo, quem vai determinar as direções.
Será que é coincidência apenas a campanha aberta pelos grandes órgãos da imprensa contra a presença das ONGs no Governo? Será que é coincidência a pressão pela não continuidade de Gilberto Gil no Ministério da Cultura? Tudo parte dos mesmos grupos de pressão que inviabilizaram a implantação da Ancinav - Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual - com o argumento de que "queriam tolher a liberdade de expressão". São estes mesmos grupos que comandam, com o braço da Anatel e da Polícia Federal, a perseguição às rádios comunitárias. Que pretendem inviabilizar, no bojo da regulamentação da TV Digital, as tevês comunitárias.
Eles querem sempre mais, mais do mesmo.
Antonio Basílio

domingo, novembro 26, 2006

BÚZIOS PARA INICIADOS 5

Casa com visual na Praia do Forno.
Foto Hermann Nass

LONG LIVE ROCK


The Who não vem, mas o futuro do rock nos palcos cariocas está garantido. Pelo menos enquanto houver bandas como a WWW, que encerrou a temporada 2006 sábado passado.

O repertório ajuda: Clash, Stones, Nirvana, Legião, Titãs. Mas o que tira a galerinha do chão são os hits próprios “Escola”, “Tô bolado” e “Eu toco rock”.

Certamente não são my generation. No palco, a média etária não chega aos 13 anos enquanto a platéia do gargarejo vai dos 8 aos 15.

Mas não deixa de ser irônico e animador ouvi-los cantando “polícia para quem precisa” e “somos o futuro da nação”. Ainda bem.


Fewerton